quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Um belo texto

"Caminha placidamente entre o ruído e a pressa.
Lembra-te de que a paz pode residir no silêncio.
Sem renunciares a ti mesmo, esforça-te por seres amigo de todos.
Diz a tua verdade quietamente, claramente.
Escuta os outros, ainda que sejam torpes e ignorantes; cada um deles tem também uma vida que contar.
Evita os ruidosos e os agressivos, porque eles denigrem o espírito.
Se te comparares com os outros, podes converter-te num homem vão e amargurado: sempre haverá perto de ti alguém melhor ou pior do que tu.
Alegra-te tanto com as tuas realizações como com os teus projectos.
Ama o teu trabalho, mesmo que ele seja humilde; pois é o tesouro da tua vida.
Sê prudente nos teus negócios, porque no mundo abundam pessoas sem escrúpulos.
Mas que esta convicção não te impeça de reconhecer a virtude; há muitas pessoas que lutam por ideais formosos e, em toda a parte, a vida está cheia de heroísmo.
Sê tu mesmo.
Sobretudo, não pretendas dissimular as tuas inclinações.
Não sejas cínico no amor, porque quando aparecem a aridez e o desencanto no rosto, isso converte-se em algo tão perene como a erva.
Aceita com serenidade o cortejo dos anos, e renuncia sem reservas aos dons da juventude.
Fortalece o teu espírito, para que não te destruam desgraças inesperadas.
Mas não inventes falsos infortúnios.
Muitas vezes o medo é resultado da fadiga e da solidão.
Sem esqueceres uma justa disciplina, sê benigno para ti mesmo.
Não és mais do que uma criatura no universo, mas não és menos que as árvores ou as estrelas: tens direito a estar aqui.
Vive em paz com Deus, seja como for que O imagines; entre os teus trabalhos e aspirações, mantém-te em paz com a tua alma, apesar da ruidosa confusão da vida.
Apesar das tuas falsidades, das tuas lutas penosas e dos sonhos arruinados, a Terra continua a ser bela.
Sê cuidadoso.
Luta por seres feliz."

(Inscrição datada do ano de 1692. Foi encontrada numa sepultura, na velha igreja de S. Paulo de Baltimore - hoje já não se pensa que seja esta a origem)

sábado, 23 de agosto de 2008

Fala da mulher sozinha

Já estou farta de estar só
Acompanhada de nada
Já estou louca de ser rua
Tão corrida, tão pisada...

Já estou prenha de amizade
Tão barriga de saudade
Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão
E nela entrelaçar
O olhar duma canção
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto
Mais loge e mais além
Mas a saber que sou alguém

Na cidade sou loucura
Sou beónio, sou ciúme
Eu que sonhava ser rua
Caminho, atalho, lonjura
Não tenho assento na festa
Sou a migalha que resta!

domingo, 17 de agosto de 2008

A minha paz

Quisera eu atingir a paz de que tanto falo...
Quisera eu ser um espelho da felicidade!
Quisera eu ter um sorriso pregado ao coração!
Quisera eu ser firme em todas as minhas decisões!
Quisera eu andar de peito aberto, segura de quem sou!
Quisera eu não julgar, quisera eu não temer!
Quisera eu ter tanta força de lutar pelos meus sonhos quanto a vontade de vivê-los!
Quisera eu ser luz,
Quisera eu ser alegria!
Quisera eu ser grata a tudo e a todos!


P.S.-> Parabéns amor da mana, 25 já cá cantam! ;)

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Embirrices

"Então... Se tu sabes que assim é... Força!!! NÃO MUDES!!! Mantém-te assim!!! Aliás.. Ela NÃO SABE NADA DE TI!!! Ela já te viu com um ataque de choro? Já te viu histérica? Já falou contigo às tantas da manha por estares com "problemas"? Já lhe confiaste alguma coisa? Ela já te enxugou as lágrimas? Já te deu uma palavra amiga? Já falou contigo pessoalmente? Então Inês, caga para isso!!!"

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Estrela da tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhamos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde demais para haver outra noite, para haver outro dia.

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza...

Foi a noite mais bela de todas as noites
Que me aconteceram
Dos noturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram.

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto.
Meu amor, nunca é tarde nem cedoPara quem se quer tanto!